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Pessoas

 

E assim são as pessoas

Algumas más, outras boas.

Umas nos deixam sós,

Outras nos fazem nós.

 

Quase todas morrem uma hora.

Muitas antes de morrer

Já foram há muito embora.

 

Raras as que ficam brilhando

na estante da memória.

Estas valem um poema:

Lágrimas desta história.

Acasos

 

A vida pode ser

puro acaso,

como a chuva

enchendo por último

o vaso mais raso.

 

Mas há casos

em que o que se sabe...

da água que se fez vinho,

do vinho que se faz vinagre...

 

E o antigo medo

que desde o ninho

na boca não cabe:

este gosto de acaso,

azedo milagre.

Contradição

 

Assim como nada

é absolutamente

igual

a outra coisa

Tudo tem um algo vago

que nos iguala

em terceira pessoa.

Estalido

 

Todas as coisas se elevam

quando o espírito da poesia aterrissa.

Talvez pra fugir das palavras

as coisas precisem de asas

 e aja anjos flutuando

naquilo que do espírito se esvazia.

No eterno foguetério

do inferno carcomido

o etéreo som estéreo

vem como um estalido.

Voz de Deus ou um zumbido?

Conselho

 

Conselho é coisa de velho,

destes que estão morrendo.

Sentado na varanda beiro o rio em preguiça auditiva.

Novamente a mesma história,

que de tanto recontada

não passa nenhum segredo.

E atento ao desperdício

penso que as rugas e a velhice

revelam falsos relevos

em perdidas superfícies.

A ironia da história mal ouvida, o velho,

ou a vida recontada pela idade.

Só há um conselho:

minta sorrindo que é verdade.

41 988598787

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